ENSAIO SOBRE A QUEIMADA

A rotina deste diário de viagem está interrompida. Acompanhe outra história na página: http://ensaiosobreaqueimada.blogspot.com/.

Brasília desaturizada

Brasília, 19 de setembro. Ipês amarelos aparecem como oásis no deserto do cerrado. Logo o Eixão está margeado de flocos iluminados. Mas o céu de fumaça ofusca o colorido. Pixações e passagens subterrâneas obscuras dominam a cidade.

A Passagem

Brasília, dia 12 de setembro.

Toda vez que eu vou a porta some

Brasília, dia 11 de setembro.

Entre o céu e a terra

Brasília, dia 10 de setembro.

Centro-Oeste

Brasília, dia 9 de setembro.

Cinza, amarelo e carvão

Brasília, dia 8 de setembro.

Terra, fogo e fumaça

Brasília, dia 7 de setembro. O grande céu do planalto central se cobriu de cinza(s) há dias. O cheiro da cidade é de fumaça. O tapete negro se estende pelo Eixo Monumental. O cerrado já não resiste. Brasiliários que não escaparam no dia 21 de abril, esperam agora pela volta da chuva.

Joana D'Arc

Brasília, dia 7 de setembro. Agora são 102 dias sem chuva. A umidade cai para 12%. Os incêndios queimam o cerrado. O Ministério do Meio Ambiente decreta Estado de Emergência no Distrito Federal. Hoje as línguas de fogo digeriram o mato seco do Eixo Monumental e vomitaram fumaça. O cadáver carbonizado jaz no canteiro central, em frente ao Palácio do Buriti e ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Algumas almas agonizam, agonizam, mas não morrem.

Encontros com Korubo

Brasília, dia 10 de maio. Korubo foi levado de sua tribo na Amazônia para trabalhar na mineração. Um dia jogou as roupas fora, pegou a canoa e entrou na floresta pra reencontrar sua grande família, nômade. Conduzido por marés incertas, atracou no Planalto Central. Há dez anos mora numa cabana montada em cima de uma árvore, na frente do Congresso Nacional. Resistente, ele luta pelo seu povo. Korubo é um fenômeno da natureza.

Augusto, Guajajara.

Brasília, dia 8 de maio.

O Tempo Passou

Brasília, dia 6 de maio.

Novos Dias

Brasília, dia 5 de maio. Não chove mais na cidade. É o fim dos temporais. Crianças indígenas brincam à luz do sol no dia em que senadores se comprometeram a receber líderes de diversas etnias para rediscutir o fim da FUNAI. Depois de cinco meses de acampamento na frente do Congresso Nacional, os índios finalmente são ouvidos.